M-Mas... a oferta... e a... demanda! ☝️🤓
O conceito de oferta e demanda Walrasiano basicamente diz que compradores e vendedores de uma mercadoria vão dizer os preços que querem comprar e vender respectivamente essa mercadoria, e quando a quantidade de compradores e vendedores pelo mesmo preço for igual, haverá trocas, ou seria o ponto ideal de equilibrio, e os outros compradores e vendedores que não atingiram esse ponto vão aumentar ou diminuir seus preços para se aproximar desse valor.
Nesse artigo, tentarei expor da forma mais simples possível por que esse conceito é usado de forma tão errada, e como usar da forma certa.
E esse conceito se mistura com a oferta e demanda muito usada popularmente, na mídia, etc. para se referir ao aumento de preços: Houve aumento de demanda de máscaras na pandemia, o que explica o aumento no preço das máscaras.
O que por si só já é bem confuso: mais pessoas querem máscaras, mas isso não diz muito sobre a que preço elas demandam as máscaras. Se mais pessoas passarem a demandar máscaras por um preço abaixo do preço atual, significaria que os preços de mácaras, se o preço é decidido pela oferta e demanda Walrasiana, deveria abaixar, não aumentar, não é mesmo?
Mas mesmo que assumamos que toda a curva da demanda, nesse exemplo, seja ‘aumentada’, e o preço de equilibrio então vai ser mais alto de fato, isso ainda não ajuda em quase nada na tentativa de descobrir por que os preços são o que são. Pode até explicar, sofrivelmente, o aumento ou diminuição de preços, mas não consegue explicar a grandeza que os produtos ficam. Por que o preço de uma maçã fica por volta de 5 reais, um carro por volta de 20 mil reais, um computador por 2 mil reais?
A grandeza do preço vai depender da grandeza da curva da demanda e da grandeza da curva da oferta. Afinal, diferentes produtos tem crises de demanda e oferta bem similares, entretanto não ficam com o mesmo preço, eles só aumentam ou diminuem em cima de um preço ‘base’.
Então, no final das contas, as pessoas vão precisar se voltar ao tal preço subjetivo, que vem da valoração subjetiva das pessoas e que vai ditar a grandeza das curvas da demanda e da oferta de diferentes produtos. Explicando suas diferenças.
Porém, só falar que o preço do produto é X porque os consumidores e produtores quiseram não é muito interessante, pois se é subjetivo não precisamos de teoria economica nem economistas para nada, afinal não tem como prever o subjetivo. Então vão falar que essa valoração subjetiva é afetada por outros fatores, como a escassez do produto, os custos de produção, etc. Mas se recusam a falar bem como esses fatores se relacionam e funcionam entre si, não existe uma teoria que diga: se situação x, a escassez vai funcionar de modo y com os custos de produção - que é circular, mas não importa - e vai formar o preço Z. Mas isso não é feito. Se as variáveis afetam o preço, você tem que dizer exatamente como eles se relacionam, ou não terá nenhum valor, é apenas uma confusão. Se não houver um jeito de teorizar e depois medir empiricamente, não importa quais variaveis são, poderia muito bem dizer que os preços são afetados pela decisão de deus, que teria o mesmo efeito, apenas não é tão bom para convencer as pessoas e as confundir.
Mas então, qual é a solução?
Tratar a oferta e demanda como influenciadores da produção, e tirar a parte ‘monetária’ da equação. As pessoas simplesmente querem ou não querem dada coisa, elas não pensam “eu quero essa coisa por 2 reais, essa outra coisa por 1000 reais”. E o tanto de pessoas querer algo ou não pode e vai influenciar a cadeia de produção dessa coisa: se muito mais pessoas passam a querer essa coisa, vão ter que se fazer novas fábricas, passar a importar essa coisa de outros países, e com isso o esforço para conseguir essa coisa vai ser maior, o que vai fazer o preço ficar maior. Pode, com isso, não afetar as condições de produção, como no caso de softwares, onde escalar é muito mais fácil, e o preço não mudar.